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Naquela noite fria o jantar estava incrível. Deliciámo-nos com um cozido à portuguesa à moda de Castro Laboreiro bem regado com uma não inferior colheita de tinto.

As carnes e as hortaliças caseiras não arrefeciam no prato. Tudo sabia ao que realmente deveria saber. A cada garfada descobríamos as couves tratadas na pequena horta, as cenouras tenras crescidas em terras férteis, o cuidado tido na alimentação dos animais, os segredos no tempero e a paciência no fumeiro dos enchidos…a travessa ficou assim vazia em três tempos.

Para sobremesa, conversámos um pouco com o simpático cozinheiro. Depois dos triviais assuntos sobre o prato, os seus condimentos e a sua confecção, abordámos a região, as suas atracções turísticas e tradições.

– Já conhecem o Santuário de Nossa Senhora da Peneda? – perguntou.

Encolhemos os ombros.

Peneda era a sua terra natal. Falou-nos do Santuário, da sua beleza singular, das festas e romarias, enfim…do seu amor pela terra onde nasceu e que o viu crescer.

Não podíamos deixar de a visitar tal foi a forma entusiasta do seu relato.

Assim o fizemos.

Depois de uma noite bem dormida, embalados pela chuva que lá fora teimava em não ceder lugar à neve, cedo arrancámos para o Santuário de Nossa Senhora da Peneda, na freguesia de Gavieira, em Arcos de Valdevez.

Crê-se que neste local existiu uma pequena ermida construída para lembrar a aparição da Senhora da Peneda (ou Senhora das Neves), cujo culto foi crescendo e motivou a construção do santuário, nos finais do século XVIII (data mais provável para o inicio da sua construção).

Diz a lenda que a Senhora da Peneda terá aparecido a 5 de Agosto de 1220, a uma criança que pastoreava por entre aquelas penedias, algumas cabras.

A Senhora apareceu-lhe em forma de uma pomba branca voando ao seu redor. Pediu-lhe que dissesse aos habitantes do lugar da Gavieira para lhe edificarem naquele lugar uma ermida.

A pastorinha, ao chegar a casa, contou o sucedido aos seus pais, mas estes não lhe deram grande crédito.

Mais tarde, quando a pastorinha guardava as cabras no mesmo local, a Senhora voltou a aparecer, agora sob a forma da imagem que hoje existe, e disse que “já que te não querem dar crédito ao que eu mando, vai ao lugar de Roussas onde está uma mulher entrevada há dezoito anos e diz aos moradores do lugar que a tragam à minha presença, para que fique de perfeita saúde, e assim te darão crédito ao que eu te ordeno.”. O nome da mulher era Domingas Gregório.

Assim o fez.

Quando Domingas avistou aquela Sagrada Imagem da Rainha dos Anjos, logo ficou de perfeita saúde, livre e sã de todos os males que padecia.

Daí em diante, todos os anos, na primeira semana de Setembro, muitas centenas de peregrinos, vindos de toda a região e da vizinha Galiza, acorrem a este local de peregrinação.

O nosso percurso pedestre teve inicio no parque de estacionamento sobranceiro à Peneda. Seguimos em direcção ao Santuário.

Um enorme rochedo, o penedo das Meadinhas com a imponência dos seus 300 m de altura, serve de pano de fundo ao local, criando juntamente com o Santuário, todo um quadro envolvente de sagrado e reliogiosidade que dificilmente nos deixa indiferente.

Passámos por alguns pequenos comércios e cafés, onde os souvenirs lutavam pelo seu espaço de visibilidade nas montras e nas entradas dos estabelecimentos.

Descemos o escadório monumental com cerca de 300 m observando à passagem as 20 pequenas capelas que retratam episódios da vida de Jesus. Chegámos à Praça do Calvário com o seu pelourinho.

Regressámos para visitar a imponente igreja e a queda de água que a seu lado compunha a banda sonora perfeita.

A hora do almoço aproximava-se e partimos para Melgaço. A reportagem ficará para o próximo post.

 

Vídeo Álbum Mapa GPS
Santuário de Nossa Senhora da Peneda (Arcos de Valdevez) Santuário de Nossa Senhora da Peneda (Arcos de Valdevez) Ver Google Maps 

 

 
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