Foi com facilidade que cheguei à Fábrica de Chá Gorreana. Percorrendo a principal estrada regional do norte da ilha de São Miguel, que liga Ribeira Grande ao Nordeste, foi sem dificuldade que encontrei a afamada fábrica do delicioso e internacionalmente conhecido chá açoreano.
Ao estacionar no pequeno parque junto à fábrica, optei por visitar primeiro as suas instalações e descobrir como é produzido o Chá Gorreana. Ao mesmo tempo, chegava uma excursão de turistas alemães com os mesmos objectivos. Aproveitei a boleia.
A fábrica continua hoje a produzir segundo as tradições ancestrais com origem no oriente. Com início de actividade em 1883 (sendo por isso a mais antiga da Europa em funcionamento), conheceu já 5 gerações de familiares diferentes que mantêm a qualidade deste produto de eleição.
Ao longo da visita fui descobrindo os segredos da produção dos vários tipos de chá.
O chá preto sofre um processo de oxidação e depois é seco e separado. A primeira, a segunda e a terceira folha dão origem a três variedades com diferentes intensidades (Orange Pekoe, Broken Leaf e Pekoe).
O chá verde (Hysson) não tem oxidação pelo que as folhas são aquecidas com vapor de água e depois passam para a secagem. As folhas são então separadas e o chá é escolhido à mão.
Alguma da maquinaria utilizada data já do séc. XIX e ainda hoje é essencial para assegurar a qualidade do produto.
Depois da sala de embalagem, pude degustar algumas das variedades que tinha acabado de ver a serem produzidas. Comprovei ao primeiro gole o porquê da longevidade desta fábrica. Numa chávena de chá sente-se a dedicação, a história, a honestidade e simplicidade de um produto bom, que nos conforta e aquece o corpo e o espírito. Claro que no final da visita comprei algumas embalagens para oferecer à família…
Já nos exterior, era tempo de iniciar o PRC28SMI – Trilho Pedestre Chá Gorreana. Este percurso circular começa junto à fábrica, onde podemos observar o painel de início da rota, com o respectivo mapa.
Segui a sinalética e com algum cuidado atravessei a estrada regional para entrar nas plantações de chá que subiam o monte.
O solo de textura arenosa, argiloso, ácido e rico em ferro proporciona as condições ideais para a produção desta folha de um intenso verde, que cresce ordenada em carreiros pela encosta.
Continuei no caminho de terra batida, por entre a plantação de chá onde alguns trabalhadores procediam à sua colheita.
Após a ponte em pedra, o chá passa a dar lugar também à pastagem e a outras actividades agrícolas. Encontrei manadas de vacas que repousam e alimentam-se nos verdejantes prados ao longo do caminho.
A paisagem é deslumbrante seja qual for a direcção do meu olhar. Vários tons de verde emoldurados pelo azul atlântico formam o quadro perfeito.
Depois da mata de criptomérias, virei à esquerda para atingir o ponto mais alto do trilho. Na envolvente da Casa do Mirante (uma construção em ruínas), no alto da pastagem, pode observar-se grande parte da costa norte da Ilha de São Miguel.
Regressei agora, até à mata de criptomérias e aqui, seguindo as indicações, contornei a mesma, caminhando ao longo de um pequeno trajecto junto à pastagem que me levou de regresso ao trilho anteriormente percorrido.
A cerca de 200m mais adiante, junto a uma casa agrícola, virei à esquerda para entrar novamente nas plantações de chá. O caminho segue cortando os corredores de chá geometricamente alinhados até chegar novamente à estrada regional e à fábrica.
Este trilho de 6kms tem um grau de dificuldade relativamente fácil e desenvolve-se ao longo de duas horas, sendo uma excelente opção para quem quer visitar e conhecer melhor a tradição do chá dos Açores. |
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