PR8 – Vereda da Ponta de São Lourenço (Machico – Madeira), Percursos Pedestres, Caminhadas, Trilhos, Pedestrianismo, Hiking, Trekking, Portugal

O “PR8 – Vereda da Ponta de São Lourenço” desenvolve-se na península mais a Este da Madeira, numa paisagem de origem vulcânica e de uma beleza singular em toda a ilha.
Chegámos o mais cedo possível à Baía D’Abra, onde tem inicio o percurso, com alguma expectativa em relação às condições climatéricas. Apesar das previsões indicarem vento fraco e pouca probabilidade de chuva, havia sempre alguma receio que uma mudança repentina do tempo pudesse estragar esta caminhada. Felizmente tal não se veio a verificar.
Eram já muitos os caminhantes que percorriam o trilho àquela hora. Fazendo parte da Rede Natura 2000 e localizado numa paisagem de elevada importância geológica, é um dos percursos mais visitados em toda a ilha pelos amantes desta actividade. Com cerca de 4 km para cada lado, desenvolve-se na Ponta de São Lourenço, formação rochosa que ficou com o nome da caravela de um dos três descobridores da Madeira, João Gonçalves Zarco.

Uma paisagem completamente diferente de tudo o que já tínhamos encontrado na ilha.

O trilho é um hino à beleza natural da Madeira. Uma paisagem completamente diferente de tudo o que já tínhamos encontrado na ilha, caracterizada pela ausência de árvores e vegetação rasteira, consequência do clima semiárido e da exposição aos ventos do Norte. Diria que se assemelha a uma paisagem lunar ou marciana, semelhante à que possivelmente existe na Lua ou em Marte.
O caminho, sempre bem definido, serpenteia pelas arribas num sobe e desce permanente. Enquanto avançamos, a nossa atenção divide-se entre as falésias de cortar a respiração e a riqueza da flora (parte dela endémica) e fauna que vamos encontrando.

No lado norte da ilha o mar bravio embate fortemente nas escarpas rochosas enquanto que do lado sul reina a calmaria e serenidade em tons de azul turquesa. É um contraste bem presente e fácil de observar ao longo da caminhada.
A um olhar mais atento encontramos algumas formações rochosas curiosas, resultado da origem vulcânica e, num jogo improvisado com a Maria, tentamos descobrir as parecenças, em cada uma delas, com animais ou objectos.

No final do percurso chegamos à Casa do Sardinha, assim se chamavam os antigos proprietários, que agora tem funções de apoio aos vigilantes do Parque Natural da Madeira e onde o visitante pode conhecer com mais detalhe as espécies naturais da Ponta de São Lourenço. Aqui não existe serviço de bar/restaurante pelo que toda a alimentação e bebida deve ser providenciada no planeamento da caminhada e levada na mochila.
Como em frente à casa existem várias mesas de piquenique, os caminhantes aproveitam para descansar um pouco e recuperar energias. Foi o que também fizemos, na companhia de algumas aves (maioritariamente pombas), que por ali tentavam a sua sorte na busca da maior migalha ou pedaço de fruta.

Antes do regresso impunha-se a subida ao Pico da Ponta do Furado. Foi feita a um ritmo lento, muito lento mesmo, àquele possível e que as pernas já cansadas nos obrigavam. Mas valeu bem a pena pelo panorama a 360º com que fomos brindados lá em cima, quer para o ilhéu da Cevada e o ilhéu do Farol, quer para o trilho que ainda teríamos de percorrer no regresso. Longe no horizonte irrompem do imenso azul as ilhas Desertas a sul e a norte a “ilha dourada” do Porto Santo.
Após um inspirar bem fundo, descemos o monte para iniciarmos o caminho de retorno. Passámos ainda pelo cais do Sardinha, onde as águas límpidas convidavam a um mergulho (que não fizemos), para logo depois iniciarmos a subida e encontrarmos o trilho já percorrido que nos levaria de regresso ao ponto de partida.

Pontos de Interesse:

Ponta de S. Lourenço, Paisagens, Casa do Sardinha, Cais do Sardinha, Pico da Ponta do Furado.

Dicas:

Não saia fora do trilho nem se aproxime das falésias.
Tenha ainda mais cuidado em dias de ventos fortes e condições atmosféricas adversas, pondere bem se estão reunidas todas as condições para a realização da caminhada.
Sendo uma zona árida, sem sombra durante quase todo o percurso, use protector solar e proteja-se devidamente do sol.
Levar alimentação e água na mochila.