Estava um frio de rachar naquela manhã. Cheguei cedo ao Caramulo e após pedir algumas informações no Posto de Turismo, encaminhei-me para o Caramulinho, o ponto mais alto da Serra, onde teria início o PR4-TND – Rota dos Caleiros.
Este percurso circular com uma extensão de cerca de 9 km (se contarmos com a subida ao Caramulinho) tem desníveis moderados e um grau de dificuldade médio.
Antes de iniciar o trilho propriamente dito, subi até ao marco geodésico que assinala o ponto mais alto da serra, com cerca de 1070 m de altitude.
Blocos de gelo formavam-se ainda nas paredes rochosas que delimitavam o trilho.
A respiração tornava-se difícil mas ao chegar ao topo, as dificuldades compensaram. A paisagem oferecida era deslumbrante. A 360º podia ter uma panorâmica da Serra do Caramulo e de toda a sua beleza e imponência. Infelizmente não me demorei muito a apreciar tal cenário, pois estar ali parado com o vento gélido da serra a massacrar os ossos não me parecia ser uma boa opção. Afinal ainda tinha alguns quilómetros para devorar.
Iniciei então a Rota dos Caleiros avançando em estradão de terra batida, acompanhando terrenos de pastagens de montanha, com pasto viçoso, cercados por muros de pedra para protecção e contenção do gado nestas altitudes de clima rigoroso.
Penetrando a paisagem rochosa, o trilho poderia estar melhor assinalado em algumas zonas, onde as marcas são inexistentes ou quase imperceptíveis devido à deterioração provocada pelas agrestes condições climatéricas. Algumas mariolas vão-me ajudando a manter na rota certa.
A névoa que teimava em pairar no céu impedia agora que o olhar fugisse para longe, mas ainda assim, continuava fascinado pelas vistas que tinha à minha frente fazendo com que a opção de realizar esta caminha fosse desde já compensada.
Ao chegar à estrada asfaltada e após algumas dezenas de metros nela percorridos, virei à direita entrando em caminhos onde a urze tenta ganhar espaço a toda a pedra existente. Acompanhando o trajecto dos antigos caleiros, que forneciam água às povoações serranas, em breve cheguei a Jueus.
Destacando-se do casario, a capela da aldeia situa-se em local privilegiado. Do seu adro podem-se ver os restos da calçada romana e as ruinas da aldeia do Carvalhal, agora desabitada.
Fui recebido em êxtase por dois cães, um dos quais fez a gentileza de me acompanhar até à saída da povoação.
Algumas novas construções anunciam o regresso das suas gentes às aldeias. Alguns emigrados, outros vindo dos meios urbanos, procuram aqui paz, descanso e uma vida com outra qualidade.
O gado alimenta-se a meu lado, indiferente à minha passagem. As paisagens singulares continuam a servir de inspiração para calcorrear o caminho.
Infelizmente, em algumas árvores inocentes, continuam a ser penduradas fitas de plástico que serviram para marcação a um qualquer evento desportivo. Lembrem-se por favor de as retirar pois decididamente, não embelezam as nossas serras.
Dirijo-me para o Pedrogão, um local com poucas habitações, onde se respira tranquilidade. Aqui, o Penedo do Equilíbrio espicaça a imaginação.
O padeiro acabou de chegar e os poucos habitantes juntam-se no largo da fonte para o receber. O pão quente para o almoço chegou na hora certa.
Continuei a caminhada e mais adiante encontrei um aqueduto construído ao longo de um muro de granito, que permitia às populações trazer a água do alto da serra para as suas actividades quotidianas.
Após uma ofegante subida, restam agora algumas centenas de metros até ao local onde iniciei esta rota. Passando por uma de muitas torres eólicas já existentes na serra do Caramulo, encontrei de novo a estrada em alcatrão em direcção ao Caramulinho. |
No topo do caramulinho levei a minha gaita de fole e toquei umas modinhas!! Acho que foi o sitio mais fixe onde já toquei!! 🙂
🙂