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PR1 FLO - Fajã Grande - Ponta Delgada (Lajes das Flores e Santa Cruz das Flores - Flores)O dia amanheceu fresco e nublado na Aldeia da Cuada. Desconhecia se estaria assim em toda a Ilha das Flores mas em pleno Verão não é de estranhar acordar envolto em nevoeiro numa ilha açoreana, algo a que os residentes já se habituaram mas que nubla também um pouco o animo de quem as visita, por não conseguir contemplar as paisagens e belezas naturais na sua plenitude. Mas estas condições também fazem parte de toda a experiência insular e assim, após o pequeno almoço tomado, foi à hora marcada que nos encontrámos com Teotónia que já nos esperava junto à carrinha. Combinámos na véspera o transfer para o inicio do “PR1 FLO – Fajã Grande – Ponta Delgada” e assim partimos junto com uma família sueca para a realização desse percurso. Iríamos percorrê-lo no sentido norte – sul para terminarmos na Fajã Grande e facilmente regressarmos à Cuada.
Na viagem de cerca de 40 minutos até Ponta Delgada, tivemos tempo para apreciar a Lagoa Seca e as fantásticas paisagens da ilha. Retalhos de verdes de muitas tonalidades rasgados por cursos de água transparente e pura, elevados em montanhas com dramáticas arestas e cenários idílicos.
Vimos Ponta Delgada lá em baixo que se estende numa área mais ou menos plana no extremo norte da ilha, cuja forma parece apontar para a vizinha Ilha do Corvo.
Não iniciámos a caminhada na Ermida de Nª Srª da Guia, atalhando parte do percurso em alcatrão para, já depois do Farol de Albarnaz, quando o caminho assinalado deixa o asfalto e envereda por um trilho de lama e pedras, o nosso transfer nos deixar para iniciarmos a caminhada. Aqui pode ler-se: “Fajã Grande – 7,5km”.
Ao nosso lado o Ilhéu Maria Vaz e nas nossas costas a Ilha do Corvo emergem do oceano, esta última camuflada em nuvens de um algodão branco.
Cedo percebemos a dificuldade que iríamos enfrentar na progressão deste percurso. A elevada humidade verificada transformou algumas secções do trilho num lamaçal onde toda a atenção era pouca. A progressão iria ser mais lenta e o cansaço maior.
Cruzamos várias linhas de água, pequenos cursos com rumo bem definido que rasgam os montes em direcção ao mar. À nossa volta encontramos muitas hortênsias, um dos símbolos maiores desta ilha, cuja flor colorida se destaca da urze endémica que forma um tapete verde e delimita o trilho.
Sempre junto à costa somos assolados por um denso nevoeiro que, acompanhado de um vento forte, parecia querer esconder as paisagens fantásticas que aqui nos eram oferecidas. Quando as condições climatéricas davam algumas tréguas e a névoa se dissipava um pouco, era possível ver tons de verdes vivos das escarpas rochosas a terminar em azuis transparentes no oceano, compondo telas de rara beleza.

Retalhos de verdes de muitas tonalidades rasgados por cursos de água transparente e pura, elevados em montanhas com dramáticas arestas e cenários idílicos.

Aqui e ali, “morangos selvagens” espreitavam por entre a vegetação rasteira. Chegámos à Rocha do Risco e depois da escadaria de madeira iniciamos uma descida íngreme e com um elevado grau de perigosidade. Aqui devemos ter a máxima atenção onde e como colocamos os pés pois para além de muita lama, temos de progredir descendo por grandes pedras que, com a humidade, se tornam bastante escorregadias.
Para quem tem vertigens, esta não é uma secção fácil apesar de algumas protecções toscas de madeira ajudarem a transmitir uma sensação de maior segurança. Talvez o ideal seja fazer o percurso no sentido sul – norte (ou seja, Fajã Grande – Ponta Delgada) e assim fazer a ascensão a esta secção do trilho, escondendo o medo das alturas “nas costas”. “Olhos que não vêem”…medo que não se sente.
Ao longe, numa língua de terra e rocha que invade o Atlântico vemos já a Fajã Grande. No final da descida, viramos à esquerda em direcção à Ponta da Fajã. Continuamos com paisagens magníficas que, agora a mais baixa altitude sem a neblina que nos acompanhou durante largos períodos do trilho, revelam bem todo o esplendor das Flores.
Chegámos ao alcatrão na Ponta da Fajã para não mais sair dele até terminarmos o percurso nas imediações do porto da Fajã Grande.
Concluímos a caminhada com uma visita ao Poço do Bacalhau, uma cascata com cerca de 90m de altura que termina numa lagoa natural rodeada por vegetação endémica. Apetece mergulhar naquela beleza pura, naquelas águas cristalinas que brotam do alto da montanha.
Chegámos mais cansados do que o habitual mas satisfeitos por mais uma conquista e fundamentalmente pela descoberta de paisagens de cortar a respiração.

Aldeia da Cuada

FICHA TÉCNICA

9,3 kmslinear
só ida
ALTIMETRIA
Altimetria
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