Picos de Europa – Dia 7 – Collado Hermoso – Fuente Dé (Espanha)
O amanhecer no Collado Hermoso veio acompanhado com mais uma daquelas sensações indescritíveis de bem estar.
Durante a noite o nevoeiro cerrado envolveu o abrigo como que a aconchegar quem lá estava. Esse abraço prolongou-se pela manhã.
A 2065 m de altitude a vida parecia perfeita. O contacto com a natureza no seu estado mais primitivo inspirava serenidade e a paz naquele silêncio húmido iria terminar muito brevemente. O regresso inevitável estava próximo.
O sol ainda não tinha espreitado convicto sobre as altas montanhas quando iniciámos a caminhada de regresso a Fuente Dé.
A cada passo dado as recordações da travessia que agora finalizava tornavam-se mais fortes.
Queria gravar intensamente na memória todos os momentos e sensações que compartilhei com a montanha.
Queria recordar as assombrosas paisagens que tive o prazer de devorar.
A cada passo dado queria dar dois para trás. Inverter o sentido. E sentir de novo. E viver de novo.
A descida para Fuente Dé parecia não ter fim. Não queria que tivesse.
Num verdejante planalto onde cavalos corriam sem rumo, sem rota definida, as últimas barras de cereais aconchegaram o estômago.
A despedida estava para breve e ao longe, Fuente Dé aparecia como que envergonhada por entre nuvens de saudade.
Ao chegar à povoação, deitei-me sob a relva fresca e fechei os olhos.
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