Picos da Europa – Dia 3 – Fuente Dé a Naranjo de Bulnes
Acordei durante a noite com a chuva a bater na pequena janela da camarata. Pensei que talvez fosse um sonho, que o vento sopraria forte com certeza, talvez qualquer outro ruído, fruto da ansiedade e do estado “zombie” muito próprio daquela hora da madrugada.
Virei-me para o outro lado da cama e voltei a adormecer.
Às 8h:00 estávamos à porta do teleférico que nos levaria ao inicio do trekking. A chuva que teimosamente se abatia sobre Fuente Dé criava alguma apreensão entre os caminhantes. Efectivamente choveu durante toda a noite e nas primeiras horas da manhã, as nuvens baixas que se abatiam sobre nós continuavam a descarregar aquela chuva miudinha que tanto incomoda.
A ascensão de teleférico foi como penetrar num mar de algodão. Não conseguimos ver nada a mais de um metro de distância. Do outro lado deste oceano em ascensão, no topo das escarpas que serviram de porto a esta nau de aventureiros, o sol brotava em força para nos receber e acompanhar durante toda a aventura.
Mochilas às costas e iniciámos a subida neste ambiente inóspito. Ao fim de pouco tempo o receio de excesso de peso diluía-se a cada passo dado.
Rodeados por cumes e escarpas vertiginosas, dignas de um qualquer cenário marciano, seguimos em direcção ao coração do maciço central dos Picos de Europa.
Passámos pela Cabana Veronica, lar de Mariano por mais de 23 anos…descemos os imponentes “Cabos de Aço“…e após a travessia de majestosos vales glaciares, terminámos no refúgio Urrielu, em Naranjo de Bulnes. A sua parede oeste com mais de 500m verticais é procurada por escaladores de todo o mundo.
Rodeados por cumes e escarpas vertiginosas, dignas de um qualquer cenário marciano, seguimos em direcção ao coração do maciço central dos Picos de Europa.
Repousámos sobre uma paisagem incrível…as nuvens aos nossos pés cobriam tudo o que os olhos podiam atingir no horizonte. Com o seu dispersar fomos descobrindo montanhas que daquela perspectiva se assemelhavam a ilhéus num vasto oceano de algodão doce…
O pôr do sol como que acendia as paredes rochosas de Naranjo a convidar para a noite acolhedora que se avizinhava. À mesa do jantar contámos histórias, conhecemos vidas, partilhámos dores e emoções…afinal estávamos a viver algo que tão depressa não iríamos esquecer.
só ida
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