Vila, Castelo e Miradouro de Castro Laboreiro (Melgaço)
Uma nuvem de vapor surgia a cada expiração. As faces rubras doíam a cada movimento de ar. O gelo que a noite trouxera estalava a cada passo dado. Estávamos em Dezembro, em Castro Laboreiro.
A vila de Castro Laboreiro integra o concelho de Melgaço, distrito de Viana do Castelo.
Segundo o website da Câmara Municipal de Melgaço:
”O seu nome vem de duas palavras Castrum, Castro – povoação fortificada pelo povo castrejo, de raça celta, que, depois do seu nomadismo durante milhares de anos nos planaltos, vivendo da caça e da pesca, e depois do pastoreio, se fixou nos outeiros para ali viver em comunidade e se defender das tribos invasoras, desde quinhentos anos antes de Cristo até ao século VI da era cristã: Laboreiro – do Latim “Lepus”, leporis, leporem, leporarium, lepporeiro, leboreiro.”
A freguesia é caracterizada por inúmeras brandas e inverneiras.
As brandas são os lugares de maior altitude, mais produtivos e agradáveis nos meses quentes, fornecendo aos animais melhores oportunidades de alimentação.
As inverneiras, nas zonas de mais baixa altitude, servem de abrigo ao frio nos meses de Inverno e estão localizadas nos vales da freguesia.
Este ciclo anual repete-se há milhares de anos pelos habitantes deste planalto situado a cerca de mil metros acima do nível do mar.
Serpenteando, corre pela vila o rio Laboreiro. Ainda podemos observar ao longo do seu curso velhas pontes da época de ocupação romana.
Pelas ruas da freguesia encontrámos os internacionalmente famosos cães de Castro Laboreiro. É uma raça pura, dócil, altiva e de grande porte, originária desta região montanhosa, que desde o século VIII, são grande motivo de orgulho das suas gentes.
Este percurso inicia-se no centro da vila, em frente a uma unidade hoteleira, onde encontramos a sinalética com o mapa do “PR3 – Trilho Castrejo”. Não era esta a rota que iríamos percorrer mas sim um pequeno trilho pela vila até ao Castelo e de regresso, passar pelo miradouro.
Deixámos para trás a Igreja Matriz, construída primitivamente no século XII, em estilo românico e que é hoje imóvel de interesse público e o pelourinho, monumento nacional que data de 1560.
Iniciámos a subida para o Castelo passando pelo Núcleo Museológico, um centro de documentação que guarda a história e a memória dos castrejos, que acabámos por visitar. Ao lado ainda podemos observar uma casa tipicamente castreja, com a “decoração” e ferramentas usadas durante séculos pelas gentes locais.
Uma curiosidade: foi nessa casa que ocorreram as gravações de um episódio especial da série da RTP “Conta-me como foi“, primeira temporada, quando a família regressou à terra lembram-se?
De volta ao trilho, por entre penedos tão característicos daquela região, estalactites caíam aos nossos pés, derretendo-se com o sol cada vez mais alto.
Em algumas zonas, redobrámos o cuidado a cada passo dado pois o gelo acumulado era tanto que as rudes e ásperas pedras assemelhar-se-iam a pistas de patinagem artística se o cuidado fosse pouco…
Felizmente chegámos ao Castelo sem sustos de maior.
“O Castelo de Castro Laboreiro, diz o povo ter sido obra dos mouros. Pinho Leal, no seu, “Portugal Antigo e Moderno”, afirma mais certo ser atribuível aos romanos. O Pe. Aníbal Rodrigues coloca-o, porém no ano de 955, fundado por S. Rosendo, governador do Val del Limia, desde Maio desse ano, por nomeação de D. Ordonho III, rei de Leão. D. Afonso Henriques rodeou-o de muralhas e, nos princípios do século XIV, quando caiu um raio no paiol de pólvora, que fez todo o polígono ir pelos ares, D. Dinis ordenou a sua reedificação.”
in “Câmara Municipal de Melgaço”Resumindo, em Castro Laboreiro sentimo-nos em casa. A simpatia e acolhimento que desde a nossa chegada recebemos fazem-nos querer regressar…em dias mais amenos de preferência, pois apesar de não nos incomodarmos muito com o frio, 7º negativos chateiam um bocadinho…
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Nota: Pode obter mais informações de Castro Laboreiro no website da Câmara Municipal de Melgaço
Castro Laboreiro é das terras ditas “do interior” que mais me fascinam.
As ruas são dadas ao passeio, as pessoas hospitaleiras (nota máxima para o posto de turismo e para a simpatia de quem lá trabalha) e o trilho até ao Castelo, num misto entre o quase dificl mas, na realidade, bastante exequível, que nos deixa, no final, com a sensação de Missão Cumprida! Não só por lá ter chegado, mas também por podermos gozar da vista prazenteira que o mesmo nos oferece.
Aconselho também, neste caso de carro e não a pé, a procura das pontes medievais que circundam Castro Laboreiro. Uma delícia 🙂