Percurso Pedestre no Parque Biológico da Serra da Lousã – Quinta da Paiva (Miranda do Corvo)
No Dia do Pai, as mulheres lá de casa juntaram-se para conspirarem entre si, preparando esta surpresa sem que eu desconfiasse minimamente. O plano passava por desfrutar o dia ao ar livre, apesar das previsões climatéricas não muito favoráveis, aproveitando também para realizar uma pequena caminhada e piquenicar assim que a fome apertasse. Sim, são as coisas mais simples que nos trazem maior felicidade, certo?
O local escolhido foi o Parque Biológico da Serra da Lousã, na Quinta da Paiva, concelho de Miranda do Corvo. Com o segredo bem guardado a sete chaves, foi só mesmo no último instante que descobri o nosso destino para aquele dia especial.
A visita ao Parque Biológico desperta sensações que dificilmente as teriam entre quatro paredes.
O Parque Biológico tem na sua totalidade 12 hectares dos quais 5 são visitáveis. Devido às suas boas condições de acessibilidade, a visita pode ser feita também por famílias com carrinho de bebé e a maior parte dos espaços é também acessível em cadeira de rodas.
Estacionámos junto ao Centro de Informação onde adquirimos os bilhetes (ver horários e preços aqui) para começar a nossa descoberta. Anexo a este, o Restaurante Museu da Chanfana preparava os almoços do dia.
Seguimos para o “Espaço da Mente”, um Ecomuseu onde para além da história viva das artes e ofícios da região, podemos também assistir a dois pequenos filmes que nos enquadraram no espaço e missão deste projecto da Fundação ADFP (Assistência, Desenvolvimento e Formação Profissional). A memória de Miranda do Corvo está bem representada neste património.
À saída do núcleo museológico, numa parede exterior pode ler-se “A vida não começa connosco, continua através de nós”, o lema que se respira e materializa em todas as valências do Parque e que pode muito bem seguir connosco pela vida fora.
Chegamos à Quinta Pedagógica onde diversas espécies de aves de capoeira partilhavam vizinhança com outros animais domesticados pelo homem, como por exemplo ovelhas ou porcos. Alguns deles cuidavam das crias que, ainda frágeis, deambulavam junto aos progenitores.
Dirigimo-nos para a ponte de madeira que nos guia para o Parque de Vida Selvagem. À esquerda, o picadeiro do Centro Hípico tem a postos alguns obstáculos para o próximo treino ou prova. Chegamos ao Labirinto de Árvores de Fruto mas não o percorro já e continuo para o Roseiral e a Horta Pedagógica. Alguns espantalhos originais recebem-nos neste corredor antes de atravessar o Rio Dueça para a outra margem. A passagem estreita junto à ponte, na estrada de acesso ao Hotel Parque Serra da Lousã, tem as medidas exactas do carrinho da bebé. Mais 1cm e teríamos de optar por outro caminho.
Chegamos à secção das aves de rapina. Estas fazem parte de um programa de educação ambiental e que após ingressarem em diversos Centros de Recuperação nacionais, por uma ou outra razão não puderam ser libertadas na natureza. Avançamos para um pequeno fluviário e um lago com o cágado mediterrânico. Os veados e gamos de um lado do trilho e os javalis do outro completam esta secção do Parque. O nível superior está reservados às raposas, lobos e ao lince ibérico. Que animal tão belo este. Algo tímido e reservado, ao perceber a nossa presença, escondeu-se entre os ramos e despediu-se após um longo espreguiçar.
A pequena alcateia de lobos define a sua hierarquia de uma forma clara. O macho alfa mantém o respeito junto dos seus pares, enquanto escuta atentamente os nossos passos no trilho de terra.
Continuamos o percurso seguindo as placas de sinalização e logo depois dos lamas, o moinho de madeira beneficia de umas paisagens privilegiadas. Logo abaixo, visitamos o Museu da Tanoaria, uma arte ancestral que me é familiar, não a tanoaria propriamente dita mas os objectos por ela criados. As pipas e outros utensílios para a colheita, tratamento e transporte do vinho são parte essencial nas vindimas, onde faço questão de participar activamente todos os anos. Mais do que um dia de trabalho é um dia animado de convívio e de confraternização entre todos os familiares e amigos.
Em frente ao museu, visito o reptilário e sigo para a secção dos ursos. Encontro à chegada um em pleno banho, enquanto o outro descansava junto a uma árvore. A imponência de ambos impressiona enquanto se passeiam pelo espaço que têm reservado na margem do Rio Dueça.
É engraçado ver a reacção das crianças ao contactar com todas estas espécies animais. Enquanto umas tentam interagir com elas, chamando-as e desafiando-as com o máximo de “à vontade” possível, outras mostram surpresa, admiração e algum receio, mas em todas, a visita ao Parque Biológico desperta sensações que dificilmente as teriam entre quatro paredes, por isso aconselho vivamente um passeio em família a Miranda do Corvo.
Tomo agora o trilho de regresso ao ponto de partida, passando pelo desafio do Labirinto de Árvores de Fruto. Confesso que não foi à primeira que encontrei o caminho certo…
Fica a vontade de regressar o mais breve possível a esta região para realizar um percurso há muito prometido, o “PR2 MCV – Caminho do Xisto de Gondramaz – Nos Passos do Moleiro”.
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