Percurso Pedestre do Vale da Ribeira de Loivos (Chaves), Percursos Pedestres, Caminhadas, Trilhos, Pedestrianismo, Hiking, Trekking, Portugal

Este percurso pedestre circular, com pouco mais de 9 kms, começa à entrada de Vilas Boas, uma típica aldeia transmontana do concelho de Chaves.
Desço as ruas estreitas pavimentadas em pedra tosca, onde o casario envelhecido guarda muitas histórias de vidas duras, a grande maioria delas dedicadas ao trabalho, de sol a sol, nos campos. Caminho até ao centro da aldeia onde no largo da Igreja já há muito se ouvem os primeiros “bons dias” entre os seus habitantes.
A Igreja Matriz, de estilo barroco simples, foi construída em 1790 e assume particular destaque em Vilas Boas. O relógio por cima da portada marcava as 09h:30m quando, pela Rua da Fonte, entro num caminho em terra batida que deixa a aldeia para trás. Ziguezagueando a encosta em sentido descendente, entre muros de pedra solta que limitam terrenos agrícolas e florestais, as paisagens sobre o verde vale da Ribeira de Loivos impressionam. Chego à Estrada Municipal 311.3 (EM311.3) e viro à esquerda em direcção à aldeia do Seixo. Após cerca de 350m no asfalto, encontro a Rua do Cabo que me leva ao centro da aldeia.
Nesta pequena povoação transmontana o gado ovino e caprino pastoreia livremente nos terrenos baldios, os pássaros cantam com alegria nas árvores e a água corre nos agueiros em direcção à ribeira. Apesar de muito do casario agora ser um reflexo do tempo que passa e das gentes que não voltam, outro recebe o brio dos filhos da terra que o restauram e cuidam. Na Rua Central, a Casa Grande do Seixo de construção setecentista e a sua capela destacam-se pela importância histórica, cultural e arquitectónica que desempenham na região. É também na sua adega que é produzido o Vinho Erbon, néctar transmontano que vos convido a degustar.
Passo pela Fonte de Mergulho e atravesso a pequena ponte sobre a ribeira. Em frente deparo-me com a Capela da Senhora das Candeias cuja festa decorre anualmente a 2 de Fevereiro.
Acompanho agora a ribeira, pela sua margem esquerda, para montante. As suas águas irão fundir-se mais adiante com a Ribeira de Oura. Aqui são também aproveitadas para a irrigação dos campos de cultivo que proliferam junto à mesma.
Nunca perdendo de vista o seu curso, continuo a marcha até uma nova ponte alguns metros antes de entrar novamente na EM311.3. Neste local o som da água que bate nas pedras é mais intenso e subo um pouco no terreno para investigar.
Por detrás da vegetação ribeirinha encontro um pequeno paraíso escondido, onde as águas caem em forma de cascata, formando uma lagoa pouco profunda, protegida por uma denso manto verde. Desço com extremo cuidado para apreciar e conservar o momento.
Regresso agora à EM311.3 para seguir em direcção a Loivos, debaixo de uma espécie de túnel formado pelas copas das árvores frondosas que a ladeiam. Após 1200m encontro uma placa com a indicação “Caminho Rural Vilas Boas” e sigo para a secção mais dura do percurso. Preparo-me para iniciar a subida do monte onde se situa a quinta e adega da “Penada”. Em todo o seu perímetro, as vinhas plantadas em socalcos (conhecidos também por geios) fazem-no parecer “rendilhado”, delicadamente trabalhado para proporcionar o melhor néctar possível.
Com um elevado grau de inclinação, o trilho assume-se aqui com um sabor agridoce. Se por um lado o declive atrasa a progressão e aumenta o cansaço, por outro, basta virar-me de costas para contemplar todo o vale aos meus pés. A cada metro de altitude conquistado, a paisagem melhora com o olhar a chegar cada vez mais longe. Aproveito para descansar com maior frequência, enquanto tenho Loivos, o seu casario e as serras no horizonte.
Vencido o monte da “Penada”, Vilas Boas está agora mais perto. Entre caminhos agrícolas de acesso aos campos, com muros de pedra solta, rapidamente regresso aos limites da aldeia para nela terminar este percurso circular no Vale da Ribeira de Loivos.