Ao chegar à Tapada Nacional de Mafra dirigi-me de imediato à Portaria onde adquiri o ingresso de acordo com a actividade que iria realizar, neste caso o Percurso Amarelo ou Percurso da Boavista.
As origens da Tapada remontam ao séc. XVIII quando D. João V – o Rei Magnânimo – para cumprir a promessa que fez, caso a Rainha D. Maria Ana de Áustria lhe desse descendência, mandou erguer um Palácio-Convento na Vila de Mafra. Em 1747 foi fundada a Real Tapada de Mafra para criar uma envolvente adequada ao monumento, constituindo também um espaço de veneração do Rei e da sua corte. A Tapada tinha também por objectivo fornecer lenha e outros produtos ao Convento.
Os seus 1187 hectares são usados desde então pelos monarcas portugueses para actividades de lazer e fundamentalmente de caça. Mesmo com a implantação da República e com a alteração da sua designação para “Tapada Nacional de Mafra”, o exercício da caça continuou até 1941 quando passou a ser gerida numa vertente mais ambiental ao ficar sob a tutela da Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas.
Em 1998 é criada uma Cooperativa de Interessa Público para aproveitar todos os recursos da Tapada, numa parceria entre o Estado, a Câmara Municipal de Mafra e algumas entidades privadas. (Ver mais informações em tapadademafra.pt)
Bem sinalizado e circular, o Percurso Amarelo inicia-se pela estrada à direita da Portaria. Inicio a subida de cerca de 2kms. Estava calor e o ritmo era por isso lento.
Com alguma atenção, descubro uma biodiversidade de flora e fauna surpreendente. Lá no alto, algumas aves de rapina vão procurando as presas. Por vezes, podemos ter a sorte de encontrar Gamos, Veados e Javalis. Nesta manhã, apenas consegui ver alguns Gamos que se alimentavam livremente já perto do final do percurso (nos últimos metros do trilho existe também uma zona delimitada com dois cercados onde Gamos e Veados podem ser mais facilmente observadas pelos visitantes).
Atravesso a canadiana, um passadiço de ferros que impede a entrada dos animais numa zona de plantação de árvores.
Nesta zona mais elevada as paisagens são deslumbrantes. Mais adiante, descanso na sombra do maior sobreiro da Tapada e um dos maiores de Portugal. Estima-se a sua idade em mais de 250 anos e tem realmente um porte que impressiona e se destaca no caminho.
Continuo agora a descida, em algumas secções com uma inclinação acentuada. No final, observo um antigo forno de cal desactivado em 1965.
Já na estrada principal e perto da ribeira encontro então alguns Gamos em liberdade. Evito fazer barulho para não os assustar. Rapidamente percebem a minha curiosidade e desaparecem por entre a vegetação, para o interior da mata.
Ao chegar ao final do percurso e depois da Casa de Hóspedes da Tapada, observo junto ao caminho o que resta de um antigo azerve, uma estrutura concebida para a caça. Em forma de meia lua, dispõe de duas pequenas aberturas onde o caçador camuflado aguardava que a caça entrasse no seu campo de visão. Agora em ruínas, está bem identificado e podemos mesmo observar uma fotografia de El-Rei D. Carlos I. Um pedaço da nossa história.
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