Walking from Cabedelo to Cova-Gala (Figueira da Foz)
A praia do Cabedelo na Figueira da Foz é hoje conhecida internacionalmente pela qualidade das suas ondas para a prática de vários desportos aquáticos.
Foi aqui que iniciei a caminhada bem cedo, aproveitando a brisa que se fazia sentir fresca na face ainda meio adormecida. O perfume a maresia tem em mim um certo efeito sedativo, relaxante. É o perfume a casa, o sentido de regresso às origens.
Atravessando as dunas pelos passadiços de madeira, observo ao longe todas as actividades que o mar tinha para oferecer naquela manhã. Surfistas, bodyboarders e kitesurfers aproveitavam ao máximo as ondas que ao largo se formavam. Deslizavam com mestria, moldando as paredes de água salgada que se erguiam em movimento contínuo.
Os passadiços transformaram-se em asfalto e foi pelo passeio da estrada do hospital que cheguei à Gala, outrora terra de pescadores. Ainda podendo vislumbrar aqui e ali as suas habitações típicas, o aglomerado de casas vive paredes meias com o areal, num estreito relacionamento das suas gentes com o mar que serviu de sustento a muitas famílias. Hoje essa relação é cada vez mais ténue pois a vida dura de pescador não motiva as novas gerações, como acontecia até meados da década de setenta.
Entre quintais e dunas cheguei à Cova onde o labor piscatório sente-se a cada passo dado. Antigos homens do mar, pescadores agora na reforma, repousam nos bancos de madeira e nos muros da marginal. Recordam histórias de outros tempos e relatam as “dores” do dia-a-dia.
A história destes povoados remonta a meados do século XVIII quando surge o povoado da Cova. Segundo o website da Junta de Freguesia de S. Pedro (www.spcovagala.com), este povoado surge “quando pescadores oriundos das cercanias de Ílhavo, nas suas andanças pela orla costeira, na procura de melhores zonas pesqueiras, acabaram por se fixar junto à margem sul do Rio Mondego, muito perto do mar, na cava de uma duna, o que deu origem ao topónimo Cova.
…
A Gala nasce anos depois quando estes pescadores se deslocam mais para nascente, junto ao braço sul do rio do Mondego, aproveitando as potencialidades que o rio lhes oferecia, saindo a barra em lanchas, tipo poveiro, para pescar sardinha de melhor qualidade e pilado mais longe da costa.”
Regresso pelos mesmos passos. Continua a cheirar a casa.
Vídeo | Álbum | Mapa | GPS | |
Ver no Google Maps |
|
Write a comment