Já há muito tempo que tenho como projecto pessoal fazer o caminho português de Santiago de Compostela. Queria descobrir “o caminho”, as gentes que o percorrem e as outras que o caminho atravessa, absorver as paisagens e guardar na memória as conversas com desconhecidos, que a cada passo mais, menos o serão.
Com alguns amigos planeámos esta aventura para começar em Aveiro. Apesar de o percurso entre Aveiro e Porto não fazer parte do caminho original, gostariamos de o percorrer, pois junto à costa e à Ria, as paisagens são fascinantes e iriam dar o mote para o resto da aventura.
A ideia subjacente a toda esta longa caminhada seria sempre a de continuar a caminhar enquanto fosse divertido e nos sentissemos bem, para conseguir saborear e aproveitar ao máximo o momento.
Acordámos às 5h da manhã do dia 25 de Abril. O Dia da Liberdade seria o dia perfeito para iniciar este projecto pois é exactamente assim que eu me sinto quando caminho, livre.
As mochilas já bem compactas onde já não cabia nem mais um par de meias, estavam prontas de véspera. Saimos em direcção à Sé de Aveiro.
Pelas ruas da cidade, a ansiedade transformava-se agora em felicidade. Finalmente iniciei “o caminho”.
A primeira etapa do dia levaria-nos ao Forte da Barra onde o “ferry” das 8h:50 nos transportaria até São Jacinto. A alternativa era ir a nado, mas não dava muito jeito…
Ao chegar a São Jacinto fizemos a primeira pausa para um café e um reforço alimentar. Soube bem aproveitar aquele sol matinal junto à Ria de Aveiro.
Continuámos com a Ria como pano de fundo até à Torreira, onde num pequeno parque de merendas junto à praia fluvial parámos para almoçar. Por esta altura já os pés ardiam com várias bolhas de água. Contava esperar até à Pousada de Juventude de Ovar, perto da praia do Furadouro, onde trataria devidamente das mazelas.
Com cerca de 40 quilómetros nas pernas, os últimos foram já percorridos com extrema dificuldade. O planeamento de 9 dias entre Aveiro e Santiago de Compostela mostrou ser assim muito ambicioso, com algumas etapas diárias acima dos 40 quilómetros que se iriam revelar mais um sacrificio do que um prazer.
Por vezes achamos que somos máquinas mas o corpo prega-nos algumas partidas. Devemos ouvi-lo e ajustar o esforço diário ao que ele nos for dizendo. Todos dizem que “o caminho” nos ensina muito e eu já comecei a aprender com ele.
A próxima etapa será para breve. |
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