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Caminhada em Vila Franca do Campo e Ilhéu (Vila Franca do Campo - São Miguel - Açores)

Uma das primeiras acções que faço quando estou numa nova localidade – mesmo antes de uma deslocação ao Posto de Turismo, quando este existe – é tentar encontrar uma rádio local para sintonizar no automóvel. Gosto também de ler a imprensa regional enquanto tomo o café da manhã mas cada vez é mais difícil encontrar um jornal local na mesa do café…
Gosto de absorver o máximo de informação sobre a cultura, tradições e os hábitos dessa região particular e nesse curto espaço de tempo da minha visita, tento partilhar a vivência diária como se de um residente se tratasse. As conversas simples que se vão travando na mercearia, na padaria ou no café são também uma referência para quem melhor quiser conhecer a localidade.

Assim o fiz quando cheguei ao Açores. Durante toda a semana a Rádio Atlântida foi a companhia auditiva nas deslocações entre os vários pontos da Ilha de São Miguel.
Por várias vezes escutei um anúncio particular de um restaurante que oferecia a viagem ao Ilhéu de Vila Franca do Campo após a refeição nas suas instalações. Só no dia da visita ao concelho de Vila Franca do Campo é que prestei realmente atenção ao que dizia o locutor.
Uma caminhada no Ilhéu de Vila Franca era um dos objectivos que queria cumprir nesta minha deslocação a São Miguel. Como estávamos em Maio e faltavam ainda umas semanas para a abertura da época balnear, os transportes para o ilhéu não eram diários e não seria fácil encontrar quem o fizesse. Tendo em conta que também iria almoçar pela povoação, estava decidido: vou aproveitar a campanha do restaurante.
Estacionei à entrada da vila junto ao pequeno jardim com o busto do Padre Ernesto Ferreira, cujo trabalho polifacetado em diversas áreas como por exemplo a educação, a ciência e a imprensa foi reconhecido e homenageado pelas gentes locais.
Iniciei a caminhada em direcção ao centro da vila. Os sinos tocavam a rebate quando cheguei ao Jardim Antero de Quental. À sua volta estão implantadas a Igreja Matriz de São Miguel Arcanjo, a Igreja da Misericórdia e também a Câmara Municipal.
Continuei em direcção ao Largo Infante Dom Henrique, já perto do porto de pesca. Aqui tive a primeira imagem do ilhéu. Impressionante. Nota-se perfeitamente o cone de origem vulcânica, que a cerca de 500m da costa, dota a paisagem de uma beleza muito peculiar.
Caminhando pelo porto de pesca encontro, junto à marina, diversas empresas de observação de cetáceos numa azáfama entre chegadas e saídas de turistas. Num edifício perto da rampa de varagem do porto, encontro finalmente o restaurante “O Jaime”. Olhei para a ementa e fui informar-me da campanha.
No anúncio radiofónico não diziam tudo. Aparentemente a campanha era só válida para a época balnear, quando se iniciassem as viagens diárias para o ilhéu. Ainda assim, o que me pareceu ser o gerente do restaurante não se poupou a esforços para me conseguir o tal transporte. Telefonou de imediato para o mestre de uma embarcação ancorada na marina enquanto me pediu para aguardar um pouco.
Poucos minutos depois chegou com a resposta afirmativa. Depois do almoço teria uma pequena lancha para me levar ao famoso ilhéu. Fiquei impressionado e deveras agradecido com a disponibilidade que demonstraram. Um exemplo a seguir em muitos outros destinos que se afirmam turísticos, pensei. Restava-me agora desfrutar tranquilamente do almoço.
No terraço sobre o porto de pesca as vistas não podiam ser melhores. Barcos, mar e ilhéu compunham este quadro quando comecei por degustar umas lapas na frigideira, em alho, manteiga e limão. Estavam frescas e deliciosas! Sabiam a mar, a Açores…não podiam estar melhor enquadradas naquele terraço sobre o porto de pesca.
Passei para uma grelhada de peixes da costa local, alguns desconhecidos para um “continental” como eu – como por exemplo o Boca-negra – mas todos e sem excepção, saborosíssimos.
Café tomado, fui ter ao local combinado com o mestre e à hora marcada estava já a caminho do Ilhéu de Vila Franca.
A ansiedade era muita naquele ondular miudinho. O ilhéu estava cada vez mais próximo.

A travessia demorou cerca de 10 minutos e a pequena embarcação desloca-se agora lentamente, entrando na lagoa, protegida pelo que outrora foram as paredes do vulcão.
O ilhéu está actualmente classificado como Reserva Natural e os seus acessos diários são condicionados. Sinto-me um privilegiado por estar ali.
Do lado oposto ao do desembarque, uma meia lua de areia forma uma praia peculiar. Por uma cavidade rochosa entra a água do exterior do ilhéu que banha com pequenas ondas essa língua de areia.
Caminho pelo trilho definido nas rochas, tentando encontrar o melhor enquadramento para fotografar tudo o que a minha vista alcança. No areal sento-me durante algum tempo. Com a máquina fotográfica na mão pensava que não era fácil transmitir em imagens ou vídeo as sensações que ali experienciava.
Continuo a descoberta daquela formação vulcânica, percorrendo o que era possível percorrer. As gaivotas estavam em período de nidificação e sentiam-se ameaçadas com a presença de humanos por perto. Tornavam isso bem claro com os seus gemidos aflitivos. Para não as perturbar, não subi à parede que escolheram para criar as suas crias.
Duas horas depois, como combinado com o mestre pescador, regresso a Vila Franca do Campo, não sem antes e por sua sugestão, circundar o ilhéu por entre um labirinto de rochas que traiçoeiramente se escondiam no Atlântico, mas que ele tão bem conhecia. A sua mestria em direccionar a embarcação pelo caminho certo era impressionante.
Já de novo em terra, era tempo agora de conhecer outro ex-libris da localidade, as famosas Queijadas da Vila. A fábrica onde são produzidas as originais fica muito perto da marina, no rés-do-chão de uma habitação bem identificada, e por isso não foi difícil encontrá-la. Fazem efectivamente jus à sua fama. São deliciosas, mesmo para quem os doces não são o seu forte, como é o meu caso. Sendo assumidamente um apreciador confesso de salgados, estas queijadas conquistaram-me e não resisti, comprando uma caixa de seis para garantir que não me faltará energia para o resto da semana.
Regressei ao ponto de partida da caminhada com a satisfação plena de um dia bem passado.

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Caminhada em Vila Franca do Campo e Ilhéu (Vila Franca do Campo - São Miguel - Açores)
Caminhada em Vila Franca do Campo e Ilhéu (Vila Franca do Campo)
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Caminhada em Vila Franca do Campo e Ilhéu (Vila Franca do Campo - São Miguel - Açores)
11,43 Kms
(circular – travessia para o Ilhéu feita por barco)
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