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Caminhada em Carrazedo de Montenegro (Valpaços)

Chego a Trás-os-Montes ao mesmo tempo que nuvens colossais, carregadas de electricidade atingem a região. Trovões e relâmpagos iniciam uma tempestade de som e luz e sob os solos secos cai um dilúvio de água, libertando o maravilhoso aroma a terra molhada que tanto gosto.
É nestas condições climatéricas que chego à Quinta D’Alagoa, o meu refúgio para estes dias em terras de Valpaços.
A noite caiu depressa e o descanso foi bem vindo depois de uma cansativa viagem de três horas.
Bem cedo, na manhã seguinte, pus-me a caminho de Carrazedo de Montenegro, a pouco mais de 3kms da quinta.
Iniciei a caminhada na Avenida Dom Dinis, em direcção à Igreja Paroquial de S. Nicolau. A cerca de 800m de altitude, a vila tem uma importante posição estratégia pois situa-se equidistante de Chaves, Valpaços, Murça, Mirandela e Vila Pouca de Aguiar. Durante muitos anos foi também sede de concelho e estas circunstâncias proporcionaram-lhe ao longo do tempo, um constante desenvolvimento. 
Quando da reorganização administrativa de 1853 que extingue e reduz o número de concelhos de cerca de 900 para cerca 300 (hoje são 308), esta povoação passa para o concelho de Valpaços.
Carrazedo de Montenegro junta o melhor de dois mundos. Nas artérias principais temos presente a modernidade de um núcleo mais urbano com os serviços indispensáveis aos seus habitantes – agências bancárias, pastelarias, supermercados – enquanto que à medida que me embrenhava no casario e nas ruas empedradas, era cada vez mais marcada uma ruralidade ancestral, aquela com que nos identificamos quando falamos em alma de Portugal. Aqui em Trás-os-Montes, encontramos essa alma bem presente.
Chego à imponente Igreja de S. Nicolau, com a fachada semelhante à de uma catedral. Segundo o Prof. José Hermano Saraiva, no seu saudoso programa “A Alma e as Gentes”, esta sumptuosidade tem provavelmente a sua origem na emigração, nos valores que os muitos emigrantes oriundos de Carrazedo enviavam para a terra, resultado do seu trabalho lá fora.
Desço ao Largo da Praça onde o coreto em silêncio espera pelas festas e noites animadas. Na Rua de Santa Bárbara, encaminho-me para o Museu Rural da Castanha onde este fruto assume particular destaque. Esta região é aliás umas das maiores regiões produtoras e exportadoras de castanha a nível nacional, sendo Carrazedo de Montenegro por isso também considerada a “Capital da Castanha”.
Desço ao Cruzeiro e Capela de S. Sebastião. Atravesso a Avenida Dom Dinis e encontro a “Fonte de Mergulho”. Percorro as ruas em calçada onde os antigos solares e os seus brasões preservam histórias de outros tempos.
Algumas pequenas casas em pedra e alpendres de madeira, visivelmente abandonadas, lutam todos os dias para que não as esqueçam. Mantêm-se estoicamente em pé como que se ainda sentissem que o seu dever é continuar a proteger as gentes humildes que do campo traziam o seu sustento.
Regresso à Avenida Dom Dinis onde termino a caminhada no mesmo ponto em que a iniciei.

Casa Agrícola D'Alagoa

FICHA TÉCNICA

Vídeo
Caminhada em Carrazedo de Montenegro (Valpaços)

Reportagem Fotográfica
Caminhada em Carrazedo de Montenegro (Valpaços)

Folheto/Mapa
Não disponível

Onde Ficar
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Distância
2,46 kms
(circular)

ALTIMETRIA

Altimetria

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