Caminhada de Rendufe a Santa Maria de Émeres (Valpaços)
Este percurso pedestre une as localidades transmontanas de Rendufe e Santa Maria de Émeres, no concelho de Valpaços. Inicio a caminhada na calçada da Rua Formosa, no lugar de Rendufe, e desço-a para encontrar o asfalto à saída da povoação. A paisagem em redor é constituída maioritariamente por grandes extensões de olivais, soutos, vinhas e pomares que traçam nos campos padrões geométricos mais ou menos densos, de acordo com a maturidade da cultura.
A paisagem em redor é constituída maioritariamente por grandes extensões de olivais, soutos, vinhas e pomares que traçam nos campos padrões geométricos…
Nos castanheiros, as castanhas aguardam dentro do “ouriço” a altura certa para ver a luz do dia. Já não falta muito. Um velho portão escancarado anuncia um terreno em pousio, mesmo antes da pequena subida no alcatrão. Nas vinhas, os cachos estão a poucos dias de serem cortados para produzir o precioso néctar que nos alimenta a alma e eleva o espírito. As vindimas continuam a ser motivo de convívio e grande festa na maior parte das nossas aldeias e vilas, um pouco por todo o país, e aqui não é excepção.
Da beira da estrada sou convidado a provar uns “figos madurinhos” que na árvore se irão estragar, dizem-me. Agradeço e recuso amavelmente mas arrependo-me logo de seguida. A fruta acabada de colher da árvore é a mais saborosa e mesmo tendo terminado o pequeno almoço há pouco mais de 30 minutos, nunca deveria ter recusado uma fruta fresquinha. Serviria também como pretexto para dois dedos de conversa com a simpática senhora que colhia os frutos maduros para o almoço. Ficará para uma próxima oportunidade com certeza.
Em Portugal encontra-se um desconhecido na estrada e oferece-se o que se tem à mão. É este acolhimento que nos caracteriza e que continua a ser fácil encontrar nas nossas gentes.
Chego à aldeia de Santa Maria de Émeres, entrando na povoação pelo Jardim Eng. Francisco Baptista Tavares. Uma passagem pedonal superior, com pilares em pedra e tabuleiro de madeira, corta o jardim onde se podem observar uma nora e uma roda, mecanismos de captação de água de um poço.
Continuo até à escola primária onde viro para a Rua Direita. Passo as “Alminhas” e mais adiante encontro a instalação de um lagar com prensa de fuso de madeira e um bonito painel de azulejos evocativo das vindimas. Encaminho-me para a Fonte da Pipa onde ainda é possível ver o aqueduto de pedra que a alimenta. O lavadouro anexo, debaixo de um telheiro em chapa que já viu melhores dias, estava vazio. Não sei se a água ainda corre pelo aqueduto, nem se ainda é recolhida na fonte pelos habitantes da aldeia para as lides diárias, mas com certeza a Fonte da Pipa já teve a sua importância e merecida talvez um destino mais digno. A sua originalidade tem potencial para ser um atractivo turístico na região.
Regresso ao centro da aldeia para encontrar a Igreja Matriz. À sua frente um solar lindíssimo com brasão desperta também a minha curiosidade. Algumas dezenas de metros depois estou no Largo do Cruzeiro do Sr. dos Aflitos. À porta de uma típica casa transmontana as amêndoas secam ao sol. Aquele reluzir dourado dá as boas vindas a quem passa.
Na Rua do Cantilhão, com um grau de inclinação elevado, inicio a subida para o coreto. Ao chegar, descanso no jardim posterior, aproveitando a sombra frondosa. Entre as copas das árvores vejo os montes ao longe.
Chegando ao edifício da Junta de Freguesia inverto o sentido de marcha. Pela Rua dos Negrilhos desço a aldeia, regressando à escola primária onde termino a caminhada.
(só ida)
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