Foi na Avenida D. João I, junto ao Jardim Público de Chaves, que iniciei a caminhada de descoberta da cidade flaviense. Estava na margem esquerda do rio Tâmega, na Madalena, no lado mais rural da cidade.
Chaves tem numerosos vestígios arqueológicos, deixados ao longo da história pelos povos que aqui permaneceram. Civilizações que durante séculos se instalaram no riquíssimo e fértil vale do Tâmega. A civilização romana foi uma das que mais marcos deixou na região, nomeadamente através da edificação da imponente Ponte de Trajano (ver fotografia acima), da exploração do solo e subsolo e do aproveitamento das águas termais, com a implantação de balneários. É por isso uma cidade para saborear muito lentamente. Caminhar em Chaves é sentir uma necessidade constante de estar alerta, uma imperiosidade de focar a atenção em todos os detalhes de cada rua, de cada património edificado, sob pena de, se tal não acontecer, perder algo relevante do seu passado.
Desta alma profunda que formou as suas gentes, a cidade vive e respira uma energia cativante que se transmite a quem a visita. Assim o constatei nesta caminhada pelo centro histórico, à descoberta do património local.
No Jardim Público de Chaves, os canteiros coloridos recebiam alegremente quem por ali passava. De um lado o velhinho coreto, que já assistiu a incontáveis espectáculos musicais, e do outro o espaço “Arte no Jardim”, uma escola de iniciação à pintura. Ambos esperam continuar a contribuir para a dinâmica cultural da cidade.
Chego à margem do rio Tâmega e tomo a direcção da Ponte Romana (Ponte de Trajano). Perto desta, a Igreja de S. João de Deus, com a sua nave octogonal e elementos neoclássicos e barrocos, foi já Hospital Militar, mantido por frades da Ordem de São João de Malta, e também aí terá funcionado a primeira escola de medicina do país, no reinado de D. Maria I.
Na Rua Cândido Sotto Mayor, a rua de acesso à ponte, pequenos comércios de produtos regionais preenchem os sentidos de quem ali passa. Muitos destes espaços mantêm a mesma genuinidade de há várias décadas.
A meio do tabuleiro da ponte, duas colunas erguem-se, frente a frente, deslocadas do seu lugar original, devido à construção de casas na margem direita do rio. Uma delas comemora a construção da ponte, datada do ano ano 104, sendo a outra uma cópia do Padrão dos Povos, cujo original foi descoberto em 1980, no leito do Tâmega encontrando-se hoje no Museu da Região Flaviense.
Atravesso a ponte e continuo agora na outra margem do Tâmega, em direcção ao Castelo de Chaves.
No Largo do Arrabalde, num espaço que a Autarquia teria destinado a um parque de estacionamento, foram encontradas as ruínas do antigo Complexo Termal Romano. Encontrando-se em muito bom estado de conservação, estes vestígios estão a ser alvo de um projecto de preservação.
Sigo pela Rua da Alfândega Velha e apaixono-me pela cidade. Casas sinceras, alpendres floridos, mercearias genuinas, conversas de rua entre gente que passa e se cumprimenta.
Chego à bonita Praça de Camões, no centro histórico, em pleno coração da cidade. À sua volta podemos encontrar a Igreja da Misericórdia e de Santa Maria Maior, a Capela de Nossa Senhora do Loreto, o Museu da Região Flaviense e a Câmara Municipal. Em frente a esta, a estátua de D. Afonso I, primeiro Duque de Bragança, impõe respeito. Por aqui passa também o Caminho Português Interior de Santiago, como pude constatar pela sinalização bem visível na praça.
O Castelo fica já ali ao lado. Da época medieval, apenas a Torre de Menagem e parte da muralha chegaram aos nossos dias. Dentro desta, nos seus jardins, alguns canhões repousam em posições estratégicas para voltar a defender a cidade, se necessário for.
Sigo em passo ritmado na direcção do Forte de São Francisco, hoje convertido numa unidade hoteleira. O Forte bem preservado recebe agora turistas num espaço de eleição.
Desço ao Tâmega, percorrendo a sua margem direita para jusante até às poldras do rio. Na nova ponte pedonal, uma interessante obra arquitectónica, atravesso para a margem esquerda.
Percorro as últimas dezenas de metros pelo Jardim Público antes de terminar a caminhada no ponto onde a tinha iniciado. Chegava a hora de fazer o check-in no Hotel Rural Quinta de Samaiões, a cerca de 5kms de Chaves, e descansar um pouco.
Amanhã estava previsto um percurso entre a Quinta de Samaiões, com passagem nas aldeias de Paradela da Veiga e Samaiões.
FICHA TÉCNICA
Folheto/Mapa
Não
disponível
Distância
3,90 kms
(circular)
ALTIMETRIA
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